terça-feira, 26 de setembro de 2006

Selva Urbana

Foto do site Calouste Gulbenkian


Depois de um daqueles dias secantes de trabalho, tive d me meter num transito terrível, antes de um jogo de um dos grandes do futebol português, ou seja, Lisboa estava um desastre, um pandemónio... percorri em muitos minutos, os poucos quilómetros que existe de distância entre o meu local de trabalho e a minha faculdade, depois de 40 minutos consegui o meu objectivo, entre buzinões, acidentes, e condutores e fogareiros de 2º que parecem ter tirado a carta a semana passada nos pacotes de farinha 33. fiz o que tinha a fazer na faculdade, que por acaso fica no centro de Lisboa, onde durante as aulas praticamente é impossível existir concentração, devido a mais uma vez, aos sons da cidade, que é muito intenso, tais como derrapagens, arranques e o condutor que está distraído no sinal, este abre, e ele continua parado, o que acontece?? Buzinas a tocar melodias dramáticas, dignas de se ouvirem em concertos de grupos de Heavy Metal... enfim. E agora para onde eu vou? Depois de um dia em que não se fez muito, já existe um prazo de terminus do meu contracto, que será dentro em breve, o que significa aquela palavra que faz um dos verdadeiros atentados neste país, irei para o “desemprego”... Depois de um dia destes, para onde vou??? Surgiu-me uma ideia...sentei me no carro e esperei um pouco para que a “Rush Hour” passa-se e num instante pus-me na estrada, andei um pouco as voltas para arranjar estacionamento (tarefa digna para um filme “Mission Impossible IV”) andei um pouco e consegui chegar ao meu destino, Jardim Calouste Gulbenkian... achei que um pouco de uma verdadeira natureza me ira fazer bem, afastar me da sociedade e desta “Selva Urbana” onde querem se comer uns aos outros, e que lhe dão o nome de “sobrevivência”, enfim deixa-os andar...
O jardim Calouste Gulbenkian, considero-o um “Central Park”, encontra-se também no centro d Lisboa, mas é dotado de pura natureza, enormes arvores, pássaros a chilrear, grilos a tocarem a musica do “cri cri cri” :) foi para mim sem duvida a melhor escolha que fiz.
Á medida que ia entrando para dentro daquele jardim, os sons dos condutores loucos, e dos motores a trabalharem intensamente, foram desaparecendo, sendo eles substituídos pela brisa do vento a passar pelas folhas e troncos das arvores, o esvoaçar de umas aves, que levantaram voo assim que deram pela minha presença, e um cheiro inconfundivel a oxigénio, aromas de flores exóticas, e de relva acabadinha de ser cortada, uma verdadeira sensação de tranquilidade. Avancei até ao jardim principal, que é um enorme relvado, bem verde, bem regado, rodeado por arvores que impõem o seu respeito através do seu tamanha, e por consequência pela sua idade... há quantos anos estarão elas ali, naquele cantinho onde tudo o que uma capital de um país tem para dar, elas estão ali no melhor lugar da “casa”... fiquei intrigado.
Sentei e comecei a observar tudo ao meu redor, jovens casais a namorar, jovens a estudar e até um jardineiro a fazer aquilo que sabe melhor, que é tratar daquilo que é tudo verde hoje, muitas pessoas que tal como eu, refugiam se na natureza, para evitar o stress citadino.
Nesta altura do ano, os dias ficam menores, assim que fitei o céu lá vi a primeira estrela da noite, sorri e através de sussurros tentei chegar ao pé dela, para que ela brilhasse mais para mim, em seguida vi um bela de um quarto crescente a fazer companhia a essa estrela, imaginei a sua forma como que um sorriso para mim... retribuo com outro sorriso tímido, como que tivesse a noção que se me tivessem a observar, diriam “olha aquele a rir se sozinho”, sorri mas disfarçadamente, só para mim, juntamente com um piscar de olho como se dissesse estou aqui...
De repente, esta minha imaginação eclipsa-se com uns passos fortes atrás de mim, era o segurança a indicar que o jardim iria fechar, educadamente levantei-me, agradeci pela informação, virei me novamente para o céu e despedi me dela Lua e da estrela.
Calmamente e passo a passo, fui em direcção á saída, olhei para o relógio e tinha ficado ali durante algum tempo...tempo demais. A medida que me aproximo da saída, o som que me tranquilizou por instantes desaparece e é substituído já por alguns veículos que circulam na Berna, ao qual penso para mim, “bem Joseph, benvindo a realidade...” dirijo-me ao carro, e parto, com a sensação que irei voltar lá novamente aquela "Selva Urbana"

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